Olhar infinito
Os olhos são o espelho da alma, diz a sabedoria popular.
Não importa a cor, o formato, as dioptrias (eu, míope, me confesso) ou outros pormenores. Na verdade, o que interessa no olhar é aquilo que ele transmite. Medo, amor, desdém, maldade, inveja, bondade, alegria, brincadeira, tristeza, compaixão, carinho, paixão, enfim... um sem número de coisas. Gosto de palavras, são a minha zona de conforto. Mas admiro os olhos que falam. Sim, há aqueles que falam. E deles brotam palavras, ora doces, ora amargas. Deles também se transmitem sorrisos, lágrimas contidas, o calor de quem nos quer bem, a promessa de um beijo, o infinito que não cabe nas palavras.
Os olhos bonitos, para mim, são precisamente estes, os que nos dão o infinito, porque eles são o espelho de uma alma infinita. Quando um olhar infinito pousa em nós, há uma chama que se acende, um muro que se derruba, um coração que se inquieta, uma serenidade que nos invade, uma doçura que se cola às nossas palavras, uma borboleta que esvoaça algures entre os dedos dos pés e as pontas dos cabelos.
Não hesitem: olhem à volta! Para lá das selfies, dos ecrãs dos telemóveis, há olhos que sussurram, que falam, que gritam e até que beijam.