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Inês Aroso - Escritora

Sempre sonhei ser escritora... Aqui, sou!

Inês Aroso - Escritora

Sempre sonhei ser escritora... Aqui, sou!

Olhar infinito

02.08.19 | Inês Aroso

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Os olhos são o espelho da alma, diz a sabedoria popular.

Não importa a cor, o formato, as dioptrias (eu, míope, me confesso) ou outros pormenores. Na verdade, o que interessa no olhar é aquilo que ele transmite. Medo, amor, desdém, maldade, inveja, bondade, alegria, brincadeira, tristeza, compaixão, carinho, paixão, enfim... um sem número de coisas. Gosto de palavras, são a minha zona de conforto. Mas admiro os olhos que falam. Sim, há aqueles que falam. E deles brotam palavras, ora doces, ora amargas. Deles também se transmitem sorrisos, lágrimas contidas, o calor de quem nos quer bem, a promessa de um beijo, o infinito que não cabe nas palavras.

Os olhos bonitos, para mim, são precisamente estes, os que nos dão o infinito, porque eles são o espelho de uma alma infinita. Quando um olhar infinito pousa em nós, há uma chama que se acende, um muro que se derruba, um coração que se inquieta, uma serenidade que nos invade, uma doçura que se cola às nossas palavras, uma borboleta que esvoaça algures entre os dedos dos pés e as pontas dos cabelos.

Não hesitem: olhem à volta! Para lá das selfies, dos ecrãs dos telemóveis, há olhos que sussurram, que falam, que gritam e até que beijam.

O polvo sonâmbulo

02.08.19 | Inês Aroso

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Era uma vez um polvo sonâmbulo. Durante o Verão, todas as noites vagueava pela pequena vila onde morava e estendia os seus tentáculos pelas janelas abertas dos quartos dos habitantes. Garante quem o viu que só escolhia os quartos onde dormiam as mulheres mais bonitas, a quem acariciava a face (diz-se) e fugia. De dia, não se lembrava de nada. Até que, certa ocasião, foi apanhado por uma lula e dois chocos da comissão de ética dos moluscos. Foi obrigado a colocar várias pulseiras eletrónicas, uma em cada tentáculo. Talvez seja por isso que, ainda hoje, as pessoas da vila fecham as janelas de noite, com medo do polvo. Também é pelo mesmo motivo que algumas damas mais afoitas deixam a janela aberta, com esperança que o polvo apareça...