Ângela tem 41 anos, dois filhos, é casada. Quando a filha mais velha entrou na universidade, resolveu voltar a estudar. Como estava desempregada, para ajudar nas despesas, ficou a trabalhar em part-time na secção de limpeza da universidade da filha. Foi a vaga mais (...)
- "Avó, conta-me histórias de amor", pediu-lhe Sofia, de 15 anos, enquanto viam os barcos no cais, sentadas no banco, encostadas uma à outra, com carinho. - "Está bem, Sofia, mas quando o veleiro partir, vamos para casa... Ora bem, vou começar... Isaac apaixonou-se (...)
14.04.19 | Inês Aroso |
Noutro dia, a Helena perguntava-nos numa rede social: "O que é o amor incondicional?". A resposta mais comum foi: "É o amor entre mães/ pais e filhos". Eu também dei essa resposta.  Em todos os outros tipos de amor, sejam amigos, irmãos, namorados, maridos, (...)
Madalena era a última das românticas. O último do sexo masculino era eu. Conversei com ela, numa tarde de Primavera, e contou-me a sua história. Era para ser uma entrevista sobre as mulheres que abdicam da carreira para gerirem a casa e educarem e cuidarem os filhos. O (...)
 TÃtulo: Cláudia Azevedo Fotografia: Inga Freitas Texto e olhar: Inês Aroso  Sara, 41 anos, cabelos castanhos, entra na sala quase vazia do café e escolhe o lugar do canto. Aquele local, miraculosamente esquecido pelos turistas que invadem a cidade, foi dos poucos (...)
Sabes o que é um buraco negro? É onde tudo começa. É onde tudo acaba. Para mim é um buraco no peito. Vês-me de um lado ao outro. Sentes o vazio. Um vazio que dói. Mas as pessoas passam. Não reparam em mim. Outras riem. Outras fingem que não vêem, incomodadas. à (...)
 Lina ama a dias. Despe o corpo de pudores. Veste a alma de sonhos. Ama dia-sim, dia-não. Nos dias em que não ama odeia. Odeia o amor. Nesses dias-não, amaldiçoa o dia em que o conheceu. Recorda momentos que viveu com ele com tanta nitidez e pormenor que os poderia (...)
Eram duas bananas. Iguais a tantas a outras. Ainda verdes e rijas, viajaram dos confins, juntamente com as outras, para um contentor, para um navio, para um armazém e, finalmente, para um hipermercado de uma cidade dos subúrbios.  Estavam quase amarelas, quando o (...)
 De súbito, um espaço em branco. A vertigem do vazio. O tempo passa. Dos vidros estilhaçados nasce um cristal. Tens luz em ti. Tens o mundo para nós.  Abraças-me. Sem medos. Os olhos nos olhos de quem se quer ver. Os lábios nos lábios de quem se quer falar e (...)
Não gosto que me vejam triste. Fujo das pessoas que sei que ficarão magoadas por verem que o meu sorriso, por muito genuÃno que seja não esconde a tristeza, que se esconde, lá no fundo, no olhar. Evito que me olhem nos olhos. Falo de banalidades, oculto fragilidades. (...)