Perdidos e achados
Esqueceste-me naquela estação de comboios. Esperei, por ti, tu não me foste buscar. Depois disso, mil páginas se escreveram, mil viagens se fizeram.
Um dia, apareceste lá e viste-me, sentada no banco, como se tivesse parado no tempo e eu estivesse na secção dos perdidos e achados. Percebi que me olhavas com pena e, ao mesmo tempo, medo que eu te chamasse. Fiquei em silêncio, eu que tu dizias que falava demais. Fingi que estava distraída. Sabes como sou boa nisso, não sabes? Estive a observar-te. O teu olhar não mudou, continua curioso e atento. O teu sorriso quando a recebeste a sair do comboio tinha a alegria e genuidade que sempre me cativaram.
Vi-te partir com ela. De mãos dadas. Começa e acaba sempre assim.