27.05.19 | Inês Aroso |
Não era uma tarde igual às outras. Primeiro, uma lágrima escorregou-me pela face. Foi-se juntar a ela outra lágrima, que escorregou pela outra face. A lágrima não sabe ser sozinha. Eu também não. Sinto-me sozinha desde que a nuvem negra me cobriu. Há quem não (...)
Ângela tem 41 anos, dois filhos, é casada. Quando a filha mais velha entrou na universidade, resolveu voltar a estudar. Como estava desempregada, para ajudar nas despesas, ficou a trabalhar em part-time na secção de limpeza da universidade da filha. Foi a vaga mais (...)
Fez uma mala, pequena. Pouca roupa, dois livros, um álbum de fotografias. À noite, atrasou todos os relógios e despertadores de casa duas horas, para não darem falta dela, pela manhã. Eram sete horas quando abriu a porta, devagar, silenciosamente. Tinha treinado (...)
Não gosto que me vejam triste. Fujo das pessoas que sei que ficarão magoadas por verem que o meu sorriso, por muito genuíno que seja não esconde a tristeza, que se esconde, lá no fundo, no olhar. Evito que me olhem nos olhos. Falo de banalidades, oculto fragilidades. (...)